05 junho 2011

Quando acordei e passei em frente do espelho a imagem que lá se encontrava já não era a minha. Sim, em pouco tempo tinha modificado muito. Tinha alterado a minha forma de ver as coisas, neste caso as visões de uma vida que ficaram para trás, tinha alimentado a alma com palavras, o espírito com amor... Mas para quê? Para quê, se hoje acordo e o céu não está azul? O tempo não está como eu esperava? Tu finges que eu nem sequer existo? 
Trago um sorriso mentido, uma alegria fingida... Porque o sol já não brilha... Para mim... Trago um corpo bonito com uma alma apagada... porque a lua já não sorri... para mim...
Por um dia, isso é hoje vou deixar de amar quem amo, de querer quem quero... vou deixar de sorrir só porque me apetece... vou deixar de cantar o amor e o justo... vou deixar de gritar a liberdade e o perdão... vou deixar de correr para a vida e simplesmente deixar que ela passe... por mim...
Por um dia vou voltar a ser quem era... alegre de olhos inchados e tristes... indiferente à brisa que me chama... ao mar que se entrega... à águia que clama o eu que se liberta e voa...voa...
Por um dia, hoje vou desistir de mim... dos meus sonhos... vou até desistir das lágrimas... do sofrer... vou apenas ser, alguém... que me representará nesta vida de teatros constantes, de frases estudadas de sentimentos treinados e aprendidos... de voz bonita com palavras esperadas, correctas... de gargalhadas contidas e discretas...
Talvez assim consiga encontrar a minha própria felicidade... Por um dia, hoje vou desistir de mim... talvez assim seja mais feliz..


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